Uma vila demasiado turística? Talvez, mas a verdade é que, no caso, não podemos avaliar a grande abundância turística de forma negativa.
Goste-se ou não de dar de caras com viagens de manhã até à noite, aprecie-se ou não o chamamento ao consumo e o omnipresente souvenir, na verdade, estas pessoas só cá vêm porque este é um dos mais assinaláveis casos de preservação do nosso património histórico, arquitectónico e cultural.
A nomeação do Castelo de Óbidos como uma das sete maravilhas nacionais não veio acrescentar nada a esta ideia. Apenas confirmá-la. Um castelo de origem romana conquistado por D. Afonso Henriques em 1147, tendo sido reconstruído e o lugar repovoado, e que teve em 1210 uma das datas mais importantes da sua história: foi entregue por D. Afonso II às rainhas de Portugal, passando a ser o local de refúgio e de férias das soberanas nacionais e dos casais régios ao longo da Idade Média e da Idade Moderna. A História pode mostrar que foram os homens quem mais construiu ao longo dos tempos, mas a sensibilidade (mesmo a masculina), sabe que as mulheres são melhores a preservar, por isso, em muito se deve a elas a dinamização da vila e o facto de se ter desenvolvido com estas características. Séculos passaram e muito mudou, mas a verdade é que Óbidos soube envelhecer sem se degradar.
Destaca-se desde logo a firmeza, lá no cimo, completamente restaurada e porto de abrigo de uma Pousada de Portugal, a primeira em território luso a ser construída num monumento nacional. Mas o castelo não “vive” sozinho.
A sua longa muralha – que é possível percorrer na íntegra –, o casario pintado, salpicado a tons de azul e amarelo, a telha mourisca, e os canteiros e os vasos repletos de coloridas buganvílias e sardinheiras que se multiplicam por entre as suas ruas estreitas, formam um poderoso e elegante conjunto, uma cidadela com uma beleza única.

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